Peru - Cusco // Cuzco e Vale Sagrado Parte II

Depois de merecidas férias, estou de volta para falar sobre Cusco. 


Conforme prometi antes, vou falar hoje sobre o boleto turístico, Vale Sagrado e os arredores de Cusco.
O Boleto turístico é um ticket que se compra na Cosituc (Calle El Sol, 103  - Cusco) 
que dá acesso à algumas atrações turísticas do Vale Sagrado e alguns museus de Cusco . 


São 4 tipos de circuito com durações e preços diferentes. no meu caso, comprei o boleto geral para 10 dias com acesso a 16 atrações. Mas ainda temos o boleto com 1 ou 2 dias para 4 ou 8 atrações, depende da sua disponibilidade e tempo para conhecer os locais. Algumas atrações somente estão no boleto, não há possibilidade de comprar entrada no local, por isso, vale a pena entrar no site da Cosituc (http://www.cosituc.gob.pe/tarifario.html) e comprar o seu tão logo chegue a Cusco. Para cidadão peruano e estudantes, o ticket custa metade do preço.
Vale lembrar que o boleto dá acesso à entrada, como você chega lá fica por sua conta, compensa as vezes contratar um pacote turístico em uma das milhares agências. Ah, o boleto é nominal!
Recomendo contratar as agências de turismo para ter os trajetos e guias nestes passeios com baixos preços, afinal nem todos os locais são fáceis de acesso via "bus". É possível ir de táxi ou por conta? Sim, é! Mas você não terá o guia que muitas vezes será essencial para entender a história local. Alguns trajetos ficam longes, daí fica mais difícil ir por conta. Não recomendo alugar carro em Cusco, pois os trajetos são difíceis e as vezes perigosos, então é melhor deixar para um cidadão local te conduzir com segurança.
Pesquisei em todas as milhares de agências na região da Plaza de Armas em Cusco e consegui encontrar uma agência chamada Amadcus que me cobrou 100 soles para 4 trajetos diferentes e incluía o ônibus (ou micro) e guia. A parte boa, eles me buscavam no hostel.
Cada tour leva metade do dia ou o dia inteiro e dividem-se como City tour (Tambomachay / Saqsayhuaman / Qenqo), Vale Sagrado dos Incas (Pisaq / Ollantaytambo / Chinchero), Vale Sur (Tipón / Pikillacta) e as Salineras de Maras ruínas de Moray.

Vamos aos trajetos e explicações de cada local:

Maras - O ingresso para Maras não está do boleto turístico, mas custa baratinho e pode ser adquirido na entrada das Salinas. o passeio geralmente é combinado com as ruínas de Moray. 
Preste atenção no caminho, primeiro pela bela vista das montanhas que é belíssima e segundo por que os precipícios vão te tirar o fôlego. pensa num caminho que  mal passa um veículo. Se vem um veículo ao oposto, alguém tem que dar espaço para passagem, além disso, as curvas obrigam o motorista a buzinar a cada volta, para se ter certeza que não vai bater de frente (é assustador!). 
Chegando às salineiras, o espetáculo compensa... Aqui você fica sabendo sobre a extração do sal (que nasce nas águas das montanhas), o cultivo que passa de geração em geração. São 4000 piscinas de sal e embora não se deva colocar a mãozinha nelas, fica impossível resistir. No final do tour, há uma feirinha com diversos artigos feitos com sal de Maras e até o sal puro e cor de rosa (que comprei para mamis)



Moray - Está no boleto turístico, mas pode ser pago à parte caso você não tenha o boleto. Moray é uma das tantas heranças Incas com várias teorias. São diversos degraus em círculos, em que a teoria que acredito ser mais correta, é que o local era utilizado como um espaço para cultivo de milho, batata e outros itens. Cada degrau tem diferença de 1 grau, o que ajuda a fortalecer essa teoria da agricultura.


Na região de Moray, o guia nos leva até alguns níveis abaixo para explicar a história local, normalmente fazemos um círculo e rezamos para Pachamama (Mãe Terra). O problema é subir tudo de novo 


Vale Sagrado

Chinchero - geralmente é uma parada entre uma ruína e outra antes de voltar a Cusco, o caminho em si já compensa a visita.
A cidade é conhecida como o local de nascimento do arco-íris pelos Incas, apesar de fofo, foi o local de grandes batalhas entre espanhóis e Incas. Ainda conserva diversos costumes e principalmente o idioma Quechua. Nesta paradinha, visitamos uma pequena casa de artesãos que extraem a lã das alpacas, produzem o fio, colorem  e tecem as peças. Tudo é feito de forma natural e manual. A explicação de todo o processo e o inseto que produz a cor vermelha, vale a visita. Já adianto que as peças de roupa são um pouco caras.





Ollantaytambo - Pensa num lugar da hora... Ollantaytambo é assim! No caminho, temos um mirador onde podemos observar o rio mais importante da região: Urubamba. Uma linda vista.
 A cidade está no vale sagrado, é de fácil acesso desde Cusco (basta pegar uma especie de Doblô) e conserva a cultura Inca em sua arquitetura e costumes. Muita gente apenas passa pela cidade para ir para Machu Picchu, afinal o trem para Aguas Calientes parte de lá, mas o ideal é passar pelo menos uma tarde nesta cidade que reserva também um sitio arqueológico, um dos maiores complexos do Peru. O nome da cidade faz referência ao general Inca Ollanta que se apaixonou pela filha do chefe Pachacútec. Perseguido pelo pai da amada, teve que fugir da cidade e se uniu a ela após a morte do líder Inca.
O sitio arqueológico conserva uma muralha bem alta e íngreme (difícil subir, até por que a altitude da cidade de quase 3 mil metro acima do nível do mar prejudica o nosso condicionamento). Essa muralha é chada de Fortaleza Araqama Ayllu, ao final dela, temos o templo do sol, que mal dá tempo de explorar...
O local também foi escolhido para o povoado dos Incas principalmente pelas condições climáticas e localização. Em Ollantaytambo ainda se produz o melhor grão de milho do Peru.

Pisaq - (ou Pisac) é um povoado muito bonitinho e coloridinho na região do Vale Sagrado, localizado a 33 km de Cusco. Geralmente é a primeira parada do tour.



Nessa região temos ruínas (claro), aqueduto, cemitério inca no meio das colinas, algumas muralhas e uma estrutura no solo bem perecida com Moray onde se fazia o cultivo dos alimentos nos degraus. 



A parte que mais achei legal foi o templo do sol, que já foi local de cerimônias no Império Inca. O local rende boas fotos, não a toa, sempre está cheio.


City Tour

Qenqo - Fica a 15 minutos de Cusco e geralmente é a ultima parada do tour. O local parece um labirinto e algumas histórias sombrias pairam no local, acredita-se que o local era um complexo de santuários dedicados aos rituais.


Logo abaixo de uma das rochas, podemos chegar a sala mortuária, que é uma câmara subterrânea com chão, teto e paredes esculpidos. Nessa câmara, dizem que se embalsamavam os Incas e principalmente, faziam rituais onde o sacrifício de animais e até pessoas eram realizados.


Saqsayhuaman - Sua localização privilegiada, permite uma linda vista da cidade de Cusco. Além de um lindo local, todo dia 24 de junho realiza-se aqui a festa ao deus Sol, chamada de Inti Raymi


A parte mais impressionante é o complexo arqueológico do local que ninguém sabe quando foi construído ou como. Essa fortaleza já estava lá mesmo antes dos Incas. 
O maior mistério para os arqueólogos é em relação ao material usado e como ele foi disposto, para se ter uma ideia, são pedras gigantes de 200 toneladas e até 11 ângulos, montadas perfeitamente sem nenhum espaço entre elas e sem nenhum tipo de cimento. Hoje, não tem ninguém que consiga aplicar a mesma técnica usada nessa fortaleza. 
Dizem que quando estudaram esta estrutura, encontraram metal derretido utilizado na fixação das pedras. 


Tambomachay - Local mais alto do nosso tour, são 3.700 m acima do nível do mar e já faz aquele friozinho no final da tarde.
Aqui é um templo dedicado às águas, possui incríveis sistemas de irrigação que também ninguém sabe explicar como construíram algo com tamanha perfeição. Aqui também é chamado de "Baño de la Ñusta" e Balneário Inca. Aqui era o local de descanso e de purificação dos Incas, daí o nome Tambo= Lugar Machay= Descanso
Há um manancial que, embora não chove muito no local, esse manancial nunca secou e o sistema de irrigação nunca falhou! Os Incas eram religiosos e cultuavam a terra, o sol e a água e, neste local, havia cultos dedicados á água, que segundo eles era um presente que fazia flores crescer e criaturas viverem. Outro fato curioso é que a água ainda é potável e reza a lenda que a água daqui cura vários males. A superstição diz que homens devem bebê-la com a mão direita e as mulheres com a esquerda.


Vale Sur

Pikillacta  - Aqui é um sítio arqueológico pré-inca. O local conserva (ou nem tanto) construções em adobe (uma espécie de barro), nesta região estavam centralizadas as atividades políticas e econômicas deste povo chamado Wari. Os altares e aposentos ainda "estão de pé".
Infelizmente o Vale Sur é pouco explorado...Na cidade, tem uma igreja simples por fora e impressionante por dentro, além disso, uma feirinha de artesanato chama atenção dos visitantes.


Há também uma muralha por toda a extensão de Pikillacta, reza a lenda que nessa região moravam 10 mil habitantes protegidos por esta muralha.


Tipón  - Também possui um sistema de irrigação bem impressionante. Aqui prova toda a inteligência que os incas tinham para poder mudar o fluxo das águas a seu favor, este sistema de irrigação ainda é usado atualmente na agricultura Alguns monumentos lembram os demais passeios (Moray, Tambomachay), também era um local de cerimônias e também já foi um cemitério, mas ainda assim é um lugar que vale a visita. Poucas pessoas se interessam por este tour, mas para mim, valeu a pena.




Espero que todos tenham aproveitado. Meu próximo post será "Machu Picchu" + "Águas Calientes"

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